Existe uma previsão de que em 2050, haverá mais plástico que peixes nos oceanos, segundo o estudo “The New Plastics Economy -Rethinking the future of plastics”, apresentado no Fórum Econômico Mundial em 2016.
Não só o oceano está repleto de plástico, como as áreas terrestres também estão completamente cheias do material. Considerando os números alarmantes, pesquisadores da Universidade de Chester, na Inglaterra, desenvolveram uma tecnologia capaz de transformar em combustível e eletricidades, qualquer resíduo plástico.
O projeto W2T (Waste2Tricity) foi desenvolvido em parceria com uma empresa de energia da cidade, a PowerHouse Energy. O processo utiliza a conversão térmica para reutilizar o plástico. O material é aquecido e quando vaporizado, libera hidrogênio que pode ser utilizado como gás sintético – Syngas -, utilizado para produzir eletricidade. Ao final, restam apenas partículas líquidas e sólidas reduzidas, em comparação ao material inicial.
É claro que isso ainda é experimental e é realizado em pequena escala pela Universidade, mas já há intenção de aumentar a quantidade de material processado, nos próximos avanços dos testes ao construir uma fábrica na cidade de Chesire, localizada no noroeste da Inglaterra.
A meta dos pesquisadores da Universidade é a ampliação do projeto a nível global. Se houver êxito no desenvolvimento do processo, há chances de implementação do projeto em usinas do sudoeste do continente asiático, que possam reduzir a quantidade de lixo plástico nos aterros.
Joe Howe, professor na Universidade e um dos pesquisadores do projeto, comunicou em relato, que o W2T visa facilitar a remoção dos dejetos plásticos presentes no oceano. “Um subproduto desse processo é a eletricidade, o que significa que o plástico usado não pode apenas carregar carros elétricos, mas também pode manter as luzes acesas em uma casa. Certamente o mundo deve acordar para essa tecnologia. Isso tornará o desperdício de plástico valioso com a capacidade de alimentar as cidades do mundo e, mais importante, pode ajudar a limpar nossos oceanos de lixo plástico agora”, disse Howe, no comunicado.
O relato de Howe está inteiramente ligado a informação de que atualmente, a maior fatia de desperdício plástico vem da indústria pesca. Com o avanço do projeto, a ideia de limpeza dos oceanos se torna economicamente viável e vantajosa. Seria uma maneira de garantir que as grandes indústrias tenham razões para participar dos avanços tecnológicos em prol da recuperação dos meios ecológicos.
No Fórum Brasileiro de Reciclagem Energética de Resíduos Sólidos com Ênfase em Plásticos — Energiplast por diversas vezes já foram apresentadas medidas para reciclagem do plástico na indústria. O presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Rio Grande do Sul (Sinplast), Edilson Deitos, defende um viés positivo “o sindicato, além da representatividade que deve naturalmente ter junto aos seus associados, trabalha para apresentar oportunidades. O plástico não é o vilão. É 100% reciclável e é preciso que isso seja de conhecimento de todos, que seja compartilhado, viabilizado educativamente e, porque não, que seja um negócio”
Nesse evento, o empresário e sócio-diretor da AGPlast, Anderson Guimarães, de Juiz de Fora (MG), apresentou uma recicladora de garrafas PET como projeto. Como pioneiro do segmento, Guimarães precisou investir fortemente em tecnologia. “Montamos uma verdadeira operação tecnológica. Compramos máquinas, felizmente parte delas brasileiras (de Nova Petrópolis) e outra austríaca”, revela.
Depois de um ano em operação, a recicladora processa 800 toneladas/mês de sucata PET em turnos ininterruptos. “A indústria só consegue ser sustentável como negócio se tiver escala para vender o que produz. Depois de anos de trabalho, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) reconheceu a eficiência da reciclagem e autorizou o uso desse PET para embalagens de bebidas e águas, pois há uma forte restrição do material reciclado para uso em alimentos e medicamentos. Enfim, isso significa que há mercado para vender”, revela.
Projetos como W2T e a recicladora tem como objetivo trazer estímulo às indústrias de participarem do reparo ambiental. Unir os dois caminhos é a solução para resolvermos o problema global de poluição por plástico.
Fonte: Chester University e Medium/FIERGS.